Pontapé inicial de uma das semanas mais caóticas dos últimos anos no mercado financeiro brasileiro, o Fantástico entrevistou exclusivamente, no domingo (15/12), o presidente Lula, ainda em recuperação no hospital após as seguidas intervenções cirúrgicas realizadas na última semana.
Mesmo com uma ambientação voltada para o estado de saúde de Lula, a equipe jornalística da Globo não poupou esforços para trazer questionamentos sobre a situação fiscal do país, pauta dominante no mercado nos últimos meses. Com perguntas incisivas e uma abordagem crítica sobre escândalos passados, a Globo exerceu um jornalismo correto, deixando de lado, mesmo que momentaneamente, a parcialidade.
No canal ao lado, a GloboNews, o panorama é completamente distinto, representando uma materialização da grave decadência jornalística do país.
Em um Brasil que já presenciou jornalistas como Ricardo Boechat em destaque nas coberturas do cenário político e econômico, as recentes performances de Daniela Lima, sob o nome da maior emissora do país, aproximam a tragédia do cômico.
Junto de uma equipe que frequentemente se destaca pela parcialidade favorável ao governo atual, Daniela consegue se descolar dos paralelos e se destacar negativamente em relação aos seus colegas.
Inauguradora do “jornalismo de zap”, como ela mesma se refere à busca de informações diretamente com ministros e figuras influentes no panorama de poder de Brasília, Daniela expõe, diariamente, não só sua incapacidade técnica no campo econômico, como também sua falta de conhecimento sobre postura, e essencialmente, o senso crítico necessário para a prática do jornalismo.
Dentre as diversas atitudes de caráter questionável ao longo dos últimos anos, a informação veiculada pela jornalista no dia de ontem sobre a influência de “fake news” na alta do dólar escancara o burlesco.
Em uma “apuração exclusiva”, Daniela Lima apontou um perfil no X, intitulado @insiderscapital, como o responsável pelo estresse no mercado brasileiro.
O perfil em questão veiculou duas declarações falsas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, utilizando termos e uma estrutura de discurso que qualquer profissional do mercado, com influência mínima, seria capaz de julgar como altamente suspeito.
Junto às falsas declarações, o perfil divulgou, em tom de sarcasmo, que a influenciadora Nath Finanças seria indicada para a diretoria do Banco Central. O caráter humorístico da abordagem era evidente, mas mesmo assim, a informação gerou certa comoção.
Dentro da euforia causada pela piora do mercado, o tweet sustentou a informação falsa por um breve período, exercendo impacto reduzido em comparação ao engajamento registrado pelas maiores páginas de finanças do Brasil.
No entanto, para Daniela Lima, as interações de um único tweet, realizado por um perfil desprovido de qualquer relevância ou credibilidade, foram suficientes para justificar a alta do dólar. Segundo sua narrativa, as maiores tesourarias do país teriam priorizado tal informação, em detrimento dos dados amplamente confiáveis fornecidos por terminais Bloomberg, utilizados pelas instituições financeiras.
Essa narrativa foi rapidamente captada pelo governo, com influenciadores de esquerda apontando a fake news como a principal responsável pelo recorde histórico do dólar, que alcançou R$ 6,20.
Nesta quarta-feira, o ministro Paulo Pimenta repercutiu a informação no X, afirmando que “a indústria da fake news está trabalhando para a alta do dólar” e reiterando que os “criminosos serão encontrados e responsabilizados”.