Durante os últimos dois meses, a base do governo passou a enfrentar uma ameaça à sua popularidade: o meio digital.
Embora a oposição sempre estivesse presente nas mais diversas redes, as críticas ao governo, especialmente à política de arrecadação, demonstraram grande capacidade de penetração durante a onda de memes envolvendo Haddad.
O tema, que finalmente expõe a indignação com a carga tributária do país—historicamente desproporcional em relação aos serviços disponibilizados pelo Estado—tornou-se o ‘carro-chefe’ da oposição em 2024.
O sucesso dessa narrativa se relaciona tanto com o mérito da crítica quanto com o demérito da estratégia petista nos ambientes virtuais. A letargia demonstrada durante o ápice da onda de memes contra ‘Taxad’ foi transformada na inconsequência da resposta do governo ao tema da ‘Taxação Olímpica’.
No início desta semana, veiculamos uma matéria sobre a incidência de tributos sobre a renda dos prêmios recebidos pelos medalhistas olímpicos brasileiros. A informação foi inicialmente tratada como ‘fake news’ pelos articuladores digitais do governo.
Na Revista Fórum, portal que recebeu R$ 347 mil em receita de publicidade federal no ano passado, o The Investor foi acusado de ‘disseminar lorotas’. No entanto, a permeabilidade da notícia entre comunicadores de diversas esferas, como as populares páginas de fofocas do X, culminou em uma MP de isenção para os medalhistas, assinada na quinta-feira.
O contra-ataque deu origem a um verdadeiro ‘Frankenstein tributário’, que começou a exibir seus primeiros membros ainda ontem.
Uma emenda baseada na MP exerce efeito retroativo para todos os medalhistas olímpicos vivos; outra estende a isenção fiscal para competições de nível mundial e para os Jogos Panamericanos; uma terceira emenda amplia a isenção concedida para treinadores e membros das comissões técnicas.
Todos esses ‘puxadinhos’ foram propostos apenas na quinta-feira, e os parlamentares têm até o dia 14 para apresentar suas alterações.