Durante a última visita de Maduro ao Brasil, em maio do ano passado, uma das pautas da delegação venezuelana foi justamente a dívida do país em operações de exportação e de crédito com o BNDES.
O montante da dívida pode ultrapassar US$ 2,5 bilhões, o que equivale a R$ 14,1 bilhões na cotação atual, e agora, deve perdurar ainda mais diante da instabilidade política do país e a inevitável paralisação do processo de reestruturação.
Dessa dívida, US$ 1,5 bilhão está relacionado a projetos de infraestrutura financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, cerca de US$ 1 bilhão refere-se à exportação de produtos brasileiros para a Venezuela, incluindo alimentos e aeronaves.
O BNDES financiou, ao longo dos anos, US$ 1,507 bilhão em projetos de infraestrutura na Venezuela, executados por empresas brasileiras. Entre esses projetos, destacam-se a construção e ampliação do metrô de Caracas, a construção da Siderúrgica Nacional, o Estaleiro Astialba e o projeto de saneamento do rio Tuy, em Miranda. Esses financiamentos eram concedidos porque os projetos eram liderados por construtoras brasileiras, promovendo a exportação de serviços do Brasil. Entre as empresas beneficiadas estavam grandes construtoras como Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.
Atualmente, US$ 722 milhões dessa dívida permanecem inadimplentes, com outras parcelas ainda a vencer. Apesar disso, o BNDES não sofreu prejuízo direto, pois os pagamentos estavam garantidos pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE). O FGE cobriu a maior parte dos pagamentos ao BNDES, transferindo a dívida para o Tesouro Nacional, responsável pelos recursos do Fundo. Portanto, a dívida foi, em última instância, paga pelo contribuinte brasileiro.
Até o momento, o FGE já cobriu US$ 682 milhões das dívidas da Venezuela, restando uma parcela menor de US$ 40 milhões não paga nem coberta pelo Fundo. No BNDES, ainda há US$ 84 milhões em parcelas a vencer.