Confiança: Essa é a maior discrepância entre o Lula atual e o Lula observado nos seus dois primeiros mandatos.
Fruto da entropia do universo político (com uma pitada de incapacidade da oposição), Lula se encontra em uma posição impensável sob a perspectiva de seis anos atrás.
Preso e condenado em múltiplas instâncias, Lula foi do inferno ao céu durante um único mandato da oposição, em uma ascensão que só poderia resultar em uma coisa: um ego completamente inflado.
Diferente do Lula anterior, que determinava certa independência e não palpitava sobre os mais diversos temas, o Lula atual não apenas fala, como decide, sobre as mais variadas áreas.
O resultado, portanto, não poderia ser diferente.
Com uma agenda intensa de entrevistas e discursos em rádios e obras, o mercado acompanha atentamente, sem determinado direcionamento sobre para onde olhar ou onde acreditar.
Esta terça foi um grande exemplo disso. Novamente, Lula concedeu entrevista a uma rádio, onde seguiu sua agenda de criticar o BC e apontar para um ‘ataque especulativo no dólar‘. No ponto mais crítico, Lula afirmou que o governo ‘iria fazer alguma coisa‘ para lidar com disparada do dólar.
A fala, reverberou pelos noticiários, sendo posteriormente contrariada pelo próprio Ministro da Fazenda Fernando Haddad, que afirmou que ‘não nada além a ser feito‘.
Desconexas, descoordenadas e em uma dinâmica de poder que claramente pende mais para o Lula do que aos ministros, os discursos da cúpula governista geram os ruídos protagonistas do mercado em 2024.
Talvez, seja finalmente a hora de Lula compreender os efeitos de suas palavras, especialmente nessa conjuntura.