No dia 27 de setembro de 2022, durante as vésperas da última eleição presidencial, a cúpula petista reuniu algumas das principais figuras empresariais em um jantar.
Nomes como André Esteves (BTG), Rubens Ometto (Cosan) e Abilio Diniz (Carrefour) marcaram presença no evento, que viria a compor uma das etapas responsáveis pela tentativa de selar o nome de Lula como um candidato um pouco mais amigável para o mercado. Dentre as diversas falas proferidas pelos participantes, a visão de Esteves se destacou, ao alegar que o petista poderia “trazer sua leveza, alegria e paz ao país“.
Esteves, por si só, pode ser resumido como um pêndulo político.
Sua ascensão meteórica, durante as condições políticas adversas registradas nas últimas décadas, deixa uma coisa clara: não importa para qual direção, o seu lado é sempre o vencedor.
Embora um posicionamento conivente com a eleição de Lula nunca tenha sido oficialmente expresso pelo mesmo, o conjunto de suas falas durante todo o período formula um mosaico que qualquer entendedor é capaz de compreender.
A lua de mel, no entanto, parece ter se encerrado nos últimos meses.
Diante de comportamentos e decisões contrárias às expectativas do mercado, o governo Lula carrega consigo um peso majoritário nos fatores causais da má performance do mercado brasileiro neste ano.
Mudança de metas fiscais, intervenções em estatais e os mais variados ruídos políticos conduziram o mercado brasileiro a uma descorrelação em relação aos seus paralelos globais.
Nesse contexto, as insatisfações começam a emergir. Em abril, se iniciaram os primeiros rumores de que o pêndulo político não estava mais apontando para a esquerda. Em um jantar com investidores, Esteves alegou que “Lula é muito mais ideológico do que foi em seus dois primeiros mandatos”, afirmando que a reeleição “é dificílima”.
Neste sábado (08), o recado veio mais forte e, mais importante, de forma pública. Em fórum da Esfera no Guarujá, Esteves se dirigiu diretamente ao problema fiscal brasileiro, afirmando que “chegou ao limite o aumento da carga tributária” e que “para chegar ao equilíbrio fiscal, precisamos olhar para o lado dos nossos gastos“.