Protagonizando uma anistia dos condenados pela Operação Lava Jato, nesta semana o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, anulou os atos direcionados a Marcelo Odebrecht e José Dirceu.
A decisão controversa, realizada sob uma cortina de manobras e jargões utilizados na tentativa de legitimar o ato jurídico, é vista como uma resolução ‘completamente política‘ para Deltan Dallagnol.
Em conversa exclusiva com o The Investor, Dallagnol expôs sua visão sobre a guinada anti-Lava Jato registrada no ambiente jurídico brasileiro.
Questionado sobre a procedência da decisão de Toffoli, Dallagnol responde: “Eu estava analisando essa decisão pelo prisma jurídico e tomando notas sobre suas muitas aberrações, e então a ficha caiu: tem que ser muito ingênuo a estas alturas para acreditar que essa decisão foi jurídica e não política.“
Reforçando: “O que Toffoli está invocando são aquelas supostas mensagens deturpadas dos hackers que não passam de fofocas querendo bancar de escândalo e não provam nenhuma, nenhuma irregularidade.”
Abordando a amplitude internacional dos trabalhos realizados na Lava Jato, Dallagnol citou que a “Odebrecht já pagou as multas dos acordos de leniência com Estados Unidos e Suíça e as provas continuam plenamente válidas, só por aqui que tudo termina em pizza.“
Ampliando suas colocações para o ambiente financeiro das estatais, Dallagnol afirmou: “O próximo Mensalão ou próximo Petrolão já pode estar acontecendo bem debaixo de nossos olhos. As decisões da corte estão tornando o combate à corrupção impossível no Brasil, o que causa um impacto gigantesco nas investigações que acontecem nas instâncias inferiores.“
Segundo ele, cresce no Brasil o temor de procuradores e juízes no dia a dia de seus respectivos trabalhos. “O clima é de vigilância e retaliação“, afirma.