Texto de Bruno Chatack Marins
Na última sexta-feira a Nike fechou o dia com o pior desempenho de seus 44 anos de vida, resultando em uma queda de 20% do valor de suas ações. Esse número representa uma perda de US$ 27 bilhões em valor de mercado, para seu menor preço desde março de 2020, justamente no anúncio da COVID-19.
Tal resultado fica ainda mais assustador: as ações da Nike já caíram 48% nos últimos 3 anos. A título de comparação, o índice da bolsa americana S&P 500’s, acumula um resultado de 34% no mesmo período.
O gatilho da sangria foi o relatório de lucros disponibilizado pela companhia na tarde de quinta-feira (27/06), que revelou um declínio de 2% nas vendas trimestrais encerradas em 31/05, somado a um aviso de que a empresa espera um declínio de 10% em relação ao último ano, distante dos 3% de queda estimados pelos especialistas, dentre eles o renomado banco UBS.
Na eleição dos “vilões” do trimestre, a Nike aponta 3 principais fatores, sendo o primeiro deles problemas oriundos de uma má gestão de estoque e dificuldade de venda nos mercados internacionais, provocada por flutuações cambiais, principalmente no mercado chinês. Em resumo, a empresa queimou sua margem de lucratividade com promoções de última hora e diversos outros produtos encalhados, sem apelo momentâneo de consumo.
A segunda justificativa ficou por conta dos desafios macroeconômicos e da “queridinha” do momento, a inflação. Segundo a Nike, a inflação em alta aumentou os custos de produção e distribuição, enquanto as flutuações cambiais impactaram negativamente as receitas de mercados internacionais. É o grande dilema dos bens de consumo não-essenciais posto em prática: em tempos de incertezas econômicas, os consumidores deixam de comprar produtos considerados supérfluos…