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E se os clubes brasileiros fossem empresas na bolsa

Encarando o futebol com um olhar de finanças, condensamos os balanços de alguns dos principais times do país em um único gráfico.

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Escrito e produzido por Paulo Almeida de @PauloDoGrafico

Que o Brasil ama futebol, todo mundo sabe. Mas será que esses mesmos brasileiros investiriam seu dinheiro nos clubes que torcem? 

Separei o balanço do exercício 2023 dos três times com as maiores torcidas do Brasil e analisei os resultados no gráfico.

Começando pelo Flamengo, que apresentou um superávit de R$319,5 milhões. Com uma receita operacional líquida de R$1,3 bilhões e custos das atividades sociais e esportivas de R$936 milhões, os caras parecem estar nadando em dinheiro, não é mesmo? Mas a história não é bem assim. 

As receitas foram turbinadas por vendas de direitos de transmissão e parcerias digitais, que totalizaram R$294 milhões, e transferências de atletas, que somaram R$ 282 milhões. As transferências foram uma das maiores fontes de receita, mas isso vai criar impactos lá na frente. Afinal, vender jogador é legal, mas uma hora o estoque acaba! Não têm tantos atletas para vender a cada trimestre.

As despesas financeiras líquidas foram de R$30,6 milhões, enquanto as receitas financeiras alcançaram R$58,5 milhões, a administração desses valores provêm uma receita extra que impulsiona o resultado final para R$319,5 milhões, é um resultado equivalente a muitas empresas da B3.

Agora vamos ver o Corinthians. Resultado operacional de R$899 milhões, com o futebol puxando a fila com R$833 milhões, liderados pelas vendas dos direitos de transmissão de R$307 milhões, claramente onde está o core do negócio.

Mas, como no Flamengo, as despesas são enormes: R$670 milhões só no futebol e mais R$100 milhões nas atividades do clube e esportes amadores, somando R$771 milhões. A margem estaria razoável com o resultado bruto de R$128 milhões, só que ainda têm que encarar as despesas financeiras. No final, sobrou um superávit bem raquítico para um dos maiores times do Brasil, apenas R$1,17 milhão.

E o Palmeiras? Superávit de R$8,5 milhões, com receita operacional bruta de R$839 milhões. Arrecadaram menos que o seu rival Corinthians e gastaram mais que toda a receita do segmento futebol, gigantescos R$777 milhões. Aí tiveram que se equilibrar com receitas do clube, esportes amadores e, e quem diria, do futebol feminino. Ainda não vai dar pra igualar os salários, mas que ajudaram um pouco a equilibrar, ajudaram. Ficando com um resultado bruto de R$62 milhões.

Após encarar as despesas financeiras de R$53 milhões ficaram com um resultado acima do Corinthians. No final arrecadaram menos e gastaram menos, resultado de R$8,52 milhões. Ainda assim, representa menos de 1% do resultado líquido. 

Olhando o gráfico, fica claro que os clubes faturam bem, mas gastam quase tudo o que arrecadam. Em alguns casos, só outras receitas conseguem manter o barco a flote. O Flamengo, mesmo faturando mais, escoa quase tudo em despesas. O Corinthians, com receitas consideráveis, mal consegue equilibrar as despesas. O Palmeiras segue o mesmo caminho, conseguindo um superávit modesto para um clube grande.

Esses resultados destacam a realidade de que, no futebol brasileiro, arrecadar muito também implica em gastar muito. Será que é mesmo necessário tudo isso para manter a competitividade e a operação dos clubes? 

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