Neste final de semana, retornou à superfície uma das principais ‘pautas fantasmas’ da educação brasileira: a cobrança de mensalidade em universidades públicas.
De acordo com a Folha, o governo está realizando estudos sobre a possibilidade de cobrar mensalidades nas universidades públicas, em mais uma tentativa de encontrar novas ferramentas para o fechamento das contas.
A ideia, levantada por Haddad, havia sido discutida publicamente pela última vez durante as análises da PEC 206/2019, um texto que estabelecia uma estrutura de cobrança de mensalidades baseada na renda do aluno.
De maneira evidente, a proposta gerou muito atrito com entidades estudantis e com a própria oposição da época (atualmente a base governista).
A iniciativa de Haddad sobre o tema demonstra, ao mesmo tempo, o compromisso do ministro com o ambiente fiscal, uma vez que tal ideia traz um ônus gigantesco dentro da esfera da esquerda, e uma abertura extremamente válida para uma discussão pragmática sobre o tema.
Dentre as mais diversas justificativas e análises de quadros estudantis de universidades, o caso da Universidade de São Paulo (USP) ilustra um dos cenários mais evidentes de desigualdade promovida por verba pública.
Com 85% dos alunos pertencendo ao grupo dos 20% mais ricos do país, a USP é majoritariamente formada por alunos que realizaram o Ensino Fundamental e o Ensino Médio em escolas particulares (73,8%).
Como um dos maiores canalizadores de verbas do Governo Estadual (cerca de 0,6% do PIB de SP em 2016), a USP efetivamente promove uma transferência de renda do mais pobre para o mais rico, em uma temática que novamente ganha uma chance de ser revertida.
(Dependendo, é claro, da boa vontade dos membros carentes da UNE, que moram em Moema.)