É amplamente reconhecido que muitos dos dados financeiros divulgados pelo governo chinês são moldados para projetar uma imagem econômica mais favorável do que a realidade permite.
Essas estatísticas, na melhor das hipóteses, revelam apenas uma parte da verdade, exigindo que os detalhes restantes sejam extraídos através de investigações aprofundadas.
A verdadeira extensão das crises sistêmicas na China muitas vezes só se torna conhecida globalmente quando já é tarde demais, devido aos esforços intensos do país para camuflar instabilidades sob uma fachada de progresso.
Um dos principais eventos na China neste milênio tem sido a surpreendente escalada de sua dívida. Atualmente, estima-se que a relação dívida-PIB do país esteja próxima de 300% segundo dados oficiais, com a maior acumulação de passivos ocorrendo nos últimos quinze anos.
A aceleração nos gastos com dívida foi parcialmente impulsionada pela crise de crédito global de 2008, mas também pela inclusão do yuan na cesta de Direitos Especiais de Saque do FMI, processo que começou em 2011. O FMI exige que os países candidatos assumam uma ampla gama de instrumentos de dívida antes de integrar esse mecanismo de moeda global.
Com a inclusão oficial na cesta do SDR em 2016, a China viu sua dívida nacional quase dobrar, e os níveis de dívida dispararam ainda mais após esse ano.
Quantificar o problema da dívida é particularmente desafiador na China devido à sua estrutura de governo, que combina elementos comunistas e de mercado livre. A dívida corporativa, impulsionada por empresas estatais e significativos investimentos governamentais em propriedades e indústrias, também deve ser considerada no total nacional.
Os mercados imobiliários e de infraestrutura revelam sinais claros de uma crise deflacionária. A China implantou barreiras de informação robustas para restringir o fluxo de dados precisos para o exterior, embora algumas informações sobre suas infraestruturas falhas consigam transpor essas barreiras.
O setor de exportações chinês vem enfrentando dificuldades, agravadas pela redução do poder de compra ocidental devido à inflação. Além disso, a economia interna sofreu com as extensas medidas de confinamento adotadas durante a pandemia, prejudicando severamente o setor varejista.
O mercado imobiliário enfrentou uma deflação significativa na última década, com expectativas de mais quedas. As autoridades chinesas intervieram diretamente para conter a especulação excessiva, resultando em inúmeros projetos imobiliários abandonados, conhecidos como “cidades fantasmas”.
Um fenômeno preocupante é o uso de grandes projetos de infraestrutura para ocultar o declínio econômico do país. Apesar da narrativa de progresso transmitida globalmente, muitos desses projetos são de baixa qualidade e sofrem deterioração rápida.
Para 2024, estão planejados investimentos de mais de 1 trilhão de Yuan ($137 bilhões) em infraestrutura, mas o país parece estar alcançando os limites de seu modelo de crescimento baseado em dívida. O FMI sugere que a economia chinesa enfrenta dificuldades, embora ainda veja um colapso como improvável. No entanto, com a queda nas exportações, o declínio do mercado imobiliário e a retração no consumo, os desafios são grandes e uma crise econômica profunda parece cada vez mais possível.