‘Sem padrinho e nem compromissos claros’, essa foi uma das expressões utilizadas por Gustavo Franco para descrever a política fiscal do governo Lula.
Figura conhecida tanto pelo seu papel no desenvolvimento do plano Real quanto por seu mandato como presidente do Banco Central, o economista não poupa esforços ao tecer críticas sobre as decisões econômicas do ministro Fernando Haddad.
Ao contrário de certa ala da Faria Lima, que teve sua gota d’água diante da LDO 2025 em abril, Franco carrega consigo uma incerteza sobre a política econômica petista desde a corrida eleitoral.
Optando por não se manifestar sobre eleição, Franco passou a manifestar de maneira mais ampla sua insatisfação com a condução da política fiscal brasileira neste ano.
Em artigo publicado na Exame nesta semana, Franco descreve que: ”a política fiscal se tornou, portanto, presidencial, no mesmo sentido em que se diz que a diplomacia brasileira é “presidencial”, ou seja, não mais conduzida por profissionais especializados seguindo alguma estratégia. ”
O ponto é reforçado pelas ‘encenações’ citadas por Franco, nas quais Fernando Haddad protagoniza um teatro de responsabilidade fiscal, mantendo minimamente as rédeas da expectativa do mercado.
O grande teatro sintetiza uma cúpula governamental rachada, com Fernando Haddad demonstrando certo esforço para defender a pauta de responsabilidade fiscal, mas falhando devido à sua projeção na matriz de poder da célula.
Nesse cenário, resta a Haddad insinuar a responsabilidade fiscal tão sonhada em propostas tampões, que por definição, terão de ser substituídas daqui certo tempo.